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2012 - Livro Vermelho 2013

Manilkara huberi (Ducke) A.Chev. LC

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 18-10-2011

Criterio:

Avaliador: Tainan Messina

Revisor: Miguel d'Avila de Moraes

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Espécie de ampla distribuição e abundante. No entanto a espécie tem sido amplamente usada pela industria madereira para construção civil e naval. Portanto, faz-se necessário a elaboração de planos de ação e monitoramento contínuo uma vez que a ameaça existe e foi identificada e pode reduzir a população da espécie consideravelmente.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Manilkara elata (Allemão ex Miq.) Monach.;

Família: Sapotaceae

Sinônimos:

  • > Manilkara huberi ;
  • > Kaukenia elata ;
  • > Mimusops elata ;
  • > Mimusops huberi ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

É uma espécie distinta devido às suas folhas grandes, as quais são amareladas na face abaxial pela presença de um indumento bastante fino que forma uma película. Possuem também numerosas nervuras secundárias (30-35) separadas por nervuras intersecundárias paralelas proeminentes. É semelhante a M. pubicarpa, esta porém possui ovário glabro, o qual é pubescente em M. huberi, além disso M. pubicarpa não apresenta a distinta coloração das folhas e possui poucas nervuras secundárias (Penninton, 1990).

Dados populacionais

Estudos fundamentados na genética de Manilkara huberi amostraram 481 árvores adultas, 88 regenerantes e 810 descendentes de uma população natural na Floresta Nacional, Tapajós, PA (Azevedo, 2007). Alvez e Miranda (2008) inventariaram 1761 indivíduos em uma área de 1.400,30 ha no vale do rio Arraiolos, município de Almeirim, Pará.Bieber et al. (2004) amostrou 11 ind. em 1,5 ha em uma área entre os municípios de Silves e Itacoatiara, Amazonas. Carim et al. (2008) encontrou 0,6 ind./ha no município de Mazagão, Amapá. Também em Mazagão, Lima e Filho (2000) encontraram 4ind./ha, em uma área da Embrapa Amapá. Gayot e Sist (2004) registraram 1,8 ind./ha na fazenda Rio Capim do grupo Cikel-Brasil Verde, Pará. Três anos mais tarde, Pinheiro e Carvalho (2007) encontraram 1,3 ind./ha na mesma área. Francez et al. (2009) estimou 0,88 ind./ha em uma área recém explorada (1,33 ind./ha antes da exploração) no município de Paragominas, Pará. Souza et al. (2006) inventariou 8,8 ind/ha na Fazenda Tracajá, Paragominas, PA. Pinto (2008) inventariou 5 ind./ha na Base Sucupira da Floresta Nacional Tapajós, PA.

Distribuição

Manilkara huberi está distribuida pelos estados brasileiros do Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima. Pode ser encontrada também em outros países da América do Sul e Central (Penninton, 1990; Azevedo, 2007).

Ecologia

Manilkara huberi é uma árvore de grande porte que pode chegar a 50m de altura (Azevedo, 2007). Possui tronco ereto e cilíndrico com ritidoma marrom-acizentado a escuro ou avermelhado, com fissuras profundas (Azevedo, 2007). No grupo sucessional pode ser considerada com secundária tardia (Amaral et al., 2009) ou mesmo clímax (Azevedo, 2007). Possui flores hermafroditas (Azevedo, 2007) com coloração branca-esverdeada a amarelada (Penninton, 1990), as flores passam primeiro por uma fase feminina, com sépalas e pétalas ainda fechadas e somente o ponto do estigma fica exposta na altura das pétalas. Os estames liberam pólen na fase masculina. Algumas populações florescem em intervalos de 5 anos, enquanto outras florescem anualmente (Azevedo, 2007). Os frutos são verdes a verdes-amarelados (Penninton, 1990).

Ameaças

1.3.3 Wood
Severidade high
Detalhes ​O risco da espécie tem aumentado pelos madeireiros agruparem várias espécies diferentes sob o popular "maçaranduba" e as cortam da mesma forma (Bieber et al., 2004). No entanto, cada espécie tem sua dinâmica de população, o que tem papel fundamental na reconstituição futura dos estoque exploráveis. Caso não haja distinção clara entre as espécies nos inventários comerciais, em cerca de 30 anos não restarão estoques de árvores grandes de M. huberi e as remanescentes serão em grande parte das outras espécies do gênero (Gayout; Sist, 2004; Azevedo, 2007). Uhl (1989) em um estudo sobre o impacto da extração madeireira em Paragominas, PA, registrou que M. huberi correspondia a 30% das árvores exploradas e que esta espécie era uma fonte de alimentos a animais locais (aves, mamíferos e répteis) e que a perca desses recursos à fauna pode levar a extinção de algumas espécies de animais.

1.3.3.2 Selective logging
Severidade high
Detalhes ​Dados do Ibama (2007) registram a exploração da espécie para produtos madeireiros em 1.446,857m3 no estado do Acre, 17.935,421m3 no Amazonas, 876,395 m3 no Amapá, 130,000 m3 em Mato Grosso, 137.077,816m3 no Pará, 2.551,061m3 em Rondônia e 2.859,098m3 em Roraima.

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: Vulnerável (VU). Lista de espécies Ameaçadas do Pará (COEMA, 2006).

4.4 Protected areas
Situação: on going
Observações: M. huberi está presente em Unidade de Conservação de Uso Sustentável como Floresta Nacional Tapajós, Santarém, PA (Azevedo, 2007; Oliveira et al., 2005; Pinto, 2008).

1.1 Management plans
Situação: needed
Observações: Segundo Azevedo (2007) análises genéticas de distribuição espacial de genótipos de Manilkara huberi detectou a existência de estruturação genética espacial significativa a uma distância de aproximadamente 450 metros de raio, sugerindo padrão de isolamento por distância e que programas de manejo e conservação in situ devem incluir grandes áreas e evitar a fragmentação. As análises genéticas revelaram ainda que para conservação ex situ, sementes devem ser coletadas de pelo menos 188 árvores maternas para que seja preservado um tamanho efetivo de 500. Como a espécie é espacialmente estruturada e de ampla distribuição, a distância mínima entre as árvores deve ser de 500 m. Os resultados obtidos indicam que a estrutura genética desta espécie está associada aos padrões de reprodução e demografia da população. Em análises de modelagem M. huberi necessitaria de 130 anos para recuperar sua área basal original, considerando-se as recomendações atuais permitidas por lei, deixando evidente a insustentabilidade dos atuais 30 anos recomendados para programas de manejo.

3 Research actions
Situação: needed
Observações: ​Segundo Azevedo (2007) análises genéticas de distribuição espacial de genótipos de Manilkara huberi detectou a existência de estruturação genética espacial significativa a uma distância de aproximadamente 450 metros de raio, sugerindo padrão de isolamento por distância e que programas de manejo e conservação in situ devem incluir grandes áreas e evitar a fragmentação. As análises genéticas revelaram ainda que para conservação

Usos

Referências

- PENNINGTON, T. D. Sapotaceae. 1990. 271 p.

- IBAMA. Produto por Estado de Origem - TORA, Documento de Origem Florestal - DOF, p.pp. 88, 2007.

- BIEBER, A.G.; MARTINS, E.G.; WERNECK, F.; ZUQUIM, G.; BALDISSERA, R.; CARBALLIDO, V.C. Problemas e consequências do uso do nome popular na exploração madeireira da Massaranduba, Curso de Campo Ecologia da Florata Amazônica, Manaus, 2004.

- AZEVEDO, V. C. R.; VINSON, C. C.; CIAMPI, A. Y. Twelve microsatellite loci in Manilkara huberi (Ducke) Standl (Sapotaceae), an Amazonian timber species. Molecular Ecology Notes, v. 5, n. 1, p. 13-15, 2005.

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- CONSELHO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE, PARÁ. Resolução COEMA nº 54 de 24 de outubro de 2007. Homologa a lista de espécies da flora e da fauna ameaçadas no Estado do Pará., Belém, PA, 2007.

Como citar

CNCFlora. Manilkara huberi in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Manilkara huberi>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 18/10/2011 - 18:32:41